quinta-feira, 3 de julho de 2008

DNJ

Está na hora de começarmos a mobilizar esta juventude bonita do nosso país para celebrarmos juntos o Dia Nacional da Juventude.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Rio Paranaíba

Este sou eu às margens do rio Paranaíba, na divisa dos estados de Minas Gerais com Goiás. É um lugar muito bonito. Este horizonte que aparece pertence ao estado de Minas Gerais.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sutileza da flor

A sutileza da flor revela a ternura de Deus.

Presença de Deus

A beleza da flor nos fala da presneça de Deus.

A força que nunca seca

José Bakir

"A força que nunca seca"

"Pra cada braço uma força

De força não geme uma nota

A lata só cerca, não leva

A água na estrada morta

E a força nunca seca

Pra água que é tão pouca.

Pra cada braço uma força

De força não geme uma nota

A lata só cerca, não leva

A água na estrada morta

E a força nunca seca

Pra vida que é tão pouca."

(Chico César e Vanessa da Matta)

Com a epígrafe desta música de Chico César e Vanessa da Matta, que ficou belíssima na voz de Maria Bethânia, gostaria de começar o trabalho que se dará a partir de uma entrevista de Frei Betto1 ao programa Retratos, da TV Horizonte de Belo Horizonte. Nesta entrevista são abordadas questões latentes à realidade sócio-política-econôminca que o nosso país está vivendo e apontadas algumas possíveis soluções para a realidade crítica do Brasil.

Em se tratando de questões políticas percebe-se que existe um distanciamento entre o poder político e o povo brasileiro. "Brasília está longe do Brasil", um distanciamento de alguns políticos da realidade de miséria em que vive o restante do país. Isto é uma prova de que o poder dá ao ser humano algumas regalias e bajulações, como também, bajuladores. Neste sentido, o próprio Frei Betto diz que "o poder não transforma as pessoas, faz com que se revelem".

O que se percebe é que o atual governo ficou muito aquém das expectativas do povo brasileiro. Houve um grande avanço na política externa brasileira, porém, a política econômica precisa melhorar. O maior erro do PT foi ter vestido a camisa do poder, deixando de lado a camisa popular que sempre vestiu e com a qual ganhou imenso números de eleitores.

Um ponto interessante é quando Frei Betto afirma que "nem sempre quem governa tem o poder, tem parcela do poder, mas, não não tem o poder". Isto mostra a realidade funcional da política. Não é simplesmente o fato de o presidente ter sido eleito por maioria dos votos que dá a ele o direito de governar o país com soberania. Tem um grupo de empresários fortes por trás que muitas vezes é quem governa para o presidente. A grande questão que se pode fazer é: qual o papel do presidente? Ser apenas eleito para dizer que o país tem um presidente? Penso que a saída não por é aí, que existem outros caminhos mais fáceis de serem percorridos pela política.

No ano de 2002, antes mesmo de ser anunciado como candidato do PT para disputar as eleições presidenciais daquele ano, o então presidente Luis Inácio Lula da Silva fez uma palestra no auditório da Universidade Católica de Brasília (UCB) para um grupo de estudantes universitários e a comunidade local. No decorrer da palestra ele foi indagado por uma universitária sobre o fato de algumas pessoas dizerem abertamente que não gostavam de política e que não ligavam muito para os problemas políticos do nosso país. A esta indagação veio a resposta com uma frase que marcou quem estava presente naquele auditório: "O problema de quem não gosta de política é que são governados por quem gosta". Esta mesma frase foi dita por Frei Betto, ainda que com palavras diferentes: "Quem tem nojo da política é governado por quem não tem". É uma afirmação que nos leva a refletir sobre o nosso papel dentro do quadro político do nosso país.

Esta reflexão é importante no sentido em que ajuda a sociedade civil a se organizar enquanto movimentos populares. A socidade civil organizada através de movimentos sociais é mais importante que os partidos, pois, é a sociedade que conquista seus direitos. Quem não se mobiliza não alcança os direitos reivindicados. Para que nossa democracia passe de meramente representativa para participativa é preciso fortalecer os movimentos populares.

Um outro ponto abordado na entrevista e que vale a pena ser levantado neste trabalho é a questão do programa do governo chamado "Fome Zero". Ainda hoje este programa não conseguiu entrar num ninxo fundamental que são as áreas de miséria das grandes cidades brasileiras. Falta gerenciamento para o programa. A porta com que as famílias assistidas pelo "Fome Zero", que é a reforma agrária, ainda não foi aberta. Sem a reforma agrária há o risco de, uma vez suspensa a distribuição de renda via bolsa família, haver um retorno de muitas destas famílias à miséria que viviam antes.

Infelizmente em nosso país a máquina do estado só serve para favorecer os grandes. Entristece muito saber que a elite tem um poder muito grande junto a qualquer governo. Com relação a isto os compositores Sergio Brito, Marcelo Fromer e Charles Gavin, da banda de rock Titãs, diz como uma forma de manifestar contra o sistema político que "tudo em que virar óleo pra por na máquina do Estado. Quem quer manter a ordem? Quem quer criar desordem?"2 A saída para este problema é saber votar bem, em priemiro lugar, e depois, fortalecer os movimentos populares, pois, o governo faz para quem pressiona mais.

Quando se fala em esquerda hoje é preciso lembrar que uma característica marcante de uma pessoa de esquerda é que ela pode perder tudo (a liberdade, a vida), mas, não pode perder a moral. Ser de esquerda é ficar indignado com as desigualdades sociais e ser de direita é considerar essas desigualdades tão naturais como o dia e a noite. Uma pessoa que tem a "bem aventurança" da fome de justiça é considerada de esquerda. Para o cristão, como ser humano, é ofensivo constatar que vivemos em um mundo com atualmente 6.500.000.000 de pessoas, das quais, 4.000.000.000 vivem abaixo da linha de pobreza segundo a ONU. São pobres daqueles que vivem com uma renda diária de no máxiom 2 dólares, ou mensal de no máximo 30 dólares. 1.000.500.000 pessoas vivem abaixo da linha da miséria, que corresponde a uma renda de no máximo 1 dólar por dia ou 30 dólares por mês. Não dá para dizer que o capitalismo é um êxito. Neste sentido, o fato de nascer em uma família rica não deveria representar nenhum privilégio, mas, uma dívida com a sociedade. É por isto que é importante o que chamamos de esquerda, pois, é importante continarmos acreditando em um outro mundo possível, porque este mundo é desumano, este mundo é anti-evangélico, este mundo não assegura – a uma grande parcela da população – direitos animais, de bichos. Não teremos paz enquanto não implementarmos a justiça.

Existem 2 projetos de paz no mundo: o do presidente Bush, que é a paz pela imposição das armas, e o outro do presidente Lula que é a paz pela promoção da justiça e esse é o grande desafio da sociedade mundial.

Voltando o tema para um contexto mais teológico pode se perguntar qual a relação entre fé e política? É preciso, acima de tudo, ter uma vida de oração ativa e aproximar mais dos oprimidos, dos exluídos, aproximando, desta forma, de Jesus. Este é o motivo pelo qual foi colocada como epígrafe a música de Chico Cesar e Vanessa da Matta. "A força que nunca seca" canta a vida e a história de um povo que luta e que sofre com os problemas causados pelas desigualdades sociais, má distriubuição de renda, falta de uma reforma agrária, discriminação, enfim, canta a história do povo pobre e miserável do nosso país. Mas, é interessante perceber que, apesar de todo este sofrimento, ainda resta uma esperança, ainda resta fé em Deus e em Cristo Jesus que se faz presente na vida e na história deste povo. É por isto que "a força nunca seca".

1 Frei Betto é religioso e escritor, escreveu mais de 50 obras dentre as quais seu mais recene livro: "Mosca azul: reflexão sobre o poder"

2 Música "Desordem" dos Titãs.

A lua

Esta foto foi tirada em uma linda noite de lua cheia nos céus de Belo Horizonte. É o Deus da vida que vela nosso sono para que possamos dormir em paz.

O Pai Misericordioso (Lc 15, 11-32)

José Bakir

O PAI MISERICORDIOSO (Lc 15, 11-32)

  1. Introdução:

Este trabalho visa elaborar uma reflexão a cerca da Parábola do Filho pródigo (ou Pai misericordioso) que está em Lc 15, 11-32. O capítulo 15 é o coração do evangelho de Lucas e é marcado pela narrativa das parábolas dos perdidos encontrados, sendo que a do filho perdido é o culme do capítulo. As três parábolas são marcadaspela procura, pela alegria – que em Lc trata-se da alegria escatológica – e pela espera. Este trabalho se atém apenas na última párabola, a qual será desenvolvido analisando as três personagens que aparecem nesta narrativa: o filho mais novo, o filho mais velho e o pai, procurando perceber suas reações, seus sentimentos e comportamentos.

  1. O filho mais novo:

Num primeiro momento ater-se-á à pessoa do filho mais novo (aquele que sai de casa) e também à pessoa do pai e na forma como ele relaciona com filho mais novo.

Rezando bastante sobre as atitudes e os pensamentos dos dois pode-se concluir que é preciso ter coragem e ser misericordioso. Ter a coragem que o filho mais novo teve quando decidiu sair de casa, rompendo assim com toda uma estrutura familiar, religiosa e moral de sua época. Ter a coragem que ele teve quando decidiu voltar para casa, pois, ele tinha consciência do que fez, da vida depravada e desregrada que levou e do estado emocional que ficaram seu pai e seu irmão mais velho.

O filho mais novo começa a viver um processo de conversão que se dá no mais íntimo do exílio humano. O estado de desolação e solidão em que se encontra representa toda a miséria humana, toda a fragilidade humana, o extremo da humilhação humana e a necessidade que o homem tem de se reconhecer como um fraco. É quando cai em si e resolve voltar: "Quantos empregados de meu pai tem pão cm fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou me levantar, procurar meu pai e dizer a ele: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não sou digno de ser chamado seu filho. Trata-me como um dos teus empregados" (Lc 15, 17-19). Com relação a esta parte a bibliografia utilizada diz:

O início do processo de conversão situa-se exatamente aí. No exílio, na iminência de morrer de fome, o filho percebe e reconhece que a verdadeira causa da miséria em que se encontra foi a ruptura da comunhão com o pai. Ao reconhecimento das conseqüências dessa ruptura segue-se uma nova decisão, uma virada no rumo de sua vida. O filho pródigo, agora perdido, decide fazer o caminho de volta para casa do pai. 1

Ele reconhece seus erros e seus defeitos e teve coragem de assumi-los, voltando para casa.

O gesto de voltar para casa quer dizer: eu reconheço que errei e quero recomeçar. Ser misericordioso com as pessoas foi a mais bela demonstração de amor que o pai teve para com seu filho. No instante em que o pai vê seu filho voltando, ele corre para abraçá-lo e cobri-lo de beijos. Este gesto quer dizer: tudo que você fez ficou no passado, o importante é que você voltou para sua casa. A imagem do pai misericordioso que São Lucas nos transmite é belíssima. Ser misericordioso com as pessoas é a mais bela demonstração de amor, é ser capaz de esquecer os erros e as mágoas do passado, é deixar a pessoa "voltar para casa" e acolhê-la bem.

  1. O filho mais velho:

A pessoa do Filho mais velho (aquele que permanece em casa) e o relacionamento do pai misericordioso para com ele é algo intrigante. Ele é caracterizado como o único futuro herdeiro (v. 31). Em um primeiro momento pode-se até pensar em dar razão ao filho mais velho por sua atitude de não aceitação do gesto do pai de acolher com uma festa o filho mais novo.

Analisando a situação com a mentalidade da época de Jesus, o filho mais velho tem toda razão em não entrar na casa e de não querer participar da festa, pois, o filho caçula havia se tornado impuro ao conviver com prostitutas. Para um judeu da época conviver com pessoas impuras era algo inconcebível. Além do mais, se ele entrasse e participasse da festa, ele estaria sendo cúmplice e concordando com algo que para um judeu era inconcebível. O filho mais velho zela apenas pelo cumprimento da lei, falta a ele a capacidade de ir além do que está contido na lei, falta-lhe a caridade fraterna. Ele não consegue captar o que se passa no íntimo do coração do pai e do filho que volta.

Também se pode refletir sobre os seguintes questionamentos: se o dinheiro não tivesse acabado? Se não houvesse fome e nem desemprego na região? Será que o filho mais novo teria voltado para casa? Quem garante que ele não sairia de casa novamente? São questionamentos e sentimentos que o filho mais velho tem e que representa tudo o que se passa na cabeça e no coração dos fariseus. Sua imagem é dos "piedosos" de Israel. Ele aborrece-se e revolta-se contra o gesto do pai, protesta contra o risco que corre a ordem moral, contra essa misericórdia incompreensível.

"Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo" (v. 26). Esta pergunta é marcada pelo sentimento do medo, da insegurança, da incerteza. São sentimentos que invadem o ser humano quando se sentem fragilizados pelos acontecimentos da vida. Muitas vezes somos surpreendidos por estes acontecimentos, eles acontecem quando menos esperamos. Porque não ama, não se sente amado; e porque não se sente amado, é desconfiado e ciumento. Percebe-se um despreparo para acolher o Evangelho: "Mas, o irmão mais velho não estava preparado para receber uma 'boa notícia'" (Barreiro, p. 67). Ao invés de alegrar-se ele enche-se de raiva e não quer entrar.

Em um segundo momento aparece a pessoa do pai novamente com toda sua misericórdia. É o pai que, mais uma vez, vai ao encontro do filho – desta vez o mais velho (v. 28b) – e procura mostrar para ele que acima de qualquer mágoa, acima de qualquer lei ou religiosidade opressora, está o amor. Percebe-se que quem realmente está longe da casa do pai é o filho mais velho, pois, o filho mais novo mesmo estando em lugar distante pensa na casa do pai, ao passo que o filho mais velho nem sequer o chama de pai.

  1. O pai:

Neste trecho do evangelho de Lucas a figura do pai é marcada por uma característica que lhe é peculiar: o fazer-se próximo (cf.vv.20b e 28). Nesta característica ele deixa transparecer a presença marcante e inquietante do amor. Um amor que é traduzido pela misericórdia do pai e que é o centro da parábola.

A manifestação deste amor na figura paterna que o evangelista nos apresnta é algo que nos impulsiona a agirmos com um impulso expontaneo na direção do meu próximo. Lucas apresenta um Deus que vem ao encontro do ser humano em sua sujeira, em sua pequenez, em sua "humanidade ferida e profanada". O evangelista faz isto para mostrar que o Reino de Deus não se compara ao reino humano, mas, supera todas as barreiras e limitações impostas pela opressão. É uma atitude que nos levanta, nos honra e nos traz de volta a alegria de viver e a dignidade. "O amor de Deus antecipa-se nos seus gestos às expressões do nosso arrependimento".

Quando o filho mais novo resolve sair de casa o pai não o repreende, deixo-o usar da sualiberdade de filho. O pai fica a esperar ancioso pelo regresso daquele que saiu de sua casa, mesmo sem saber quando ele voltaria e se ele votaria. Quando resolve voltar da mesma forma não o repreende e nem faz nenhum tipo de comentário, mas, o acolhe. Não diz uma única palavra quando reencontra o filh, seus sentimentos são transmitidos por meio de gestos: corre ao encontro, abraça-o e o cobre de beijos. Aqui se percebe que a figura do pai é de um pai que perdoa e devolve a seus filhos a dignidade perdida.

No final da parábola mais uma vez o pai vai ao encontro do filho, só que desta vez é o filho mais velho. Acredita-se que seja este o ponto mais importante da parábola que Lucas quis transmitir: a discursão do filho mais velho com seu Pai. O filho mais velho é Israel e ele se aborrece pelo fato de voltarem os perdidos. Irrita-se porque organizam um banquete para aqueles que estavam já esquecidos. Pensou que a casa fosse sua e não quis preocupar-se com os outros. O pai, ao invés, busca o pobre. Representa a atutude de Jesus Cristo que se ocupa dos homens que se acham esquecidos e perdidos, pecadores, publicanos e gentios. A defesa do perdão e a atitude de Crista fica clara.

A imagem de Deus que Jesus quer passar é de um Deus que é próximo do seu povo e que o ama.

O que Jesus quer nos mostrar nesta parábola é o modo como Deus, nosso Pai, se comporta conosco, seus filhos; como ele pensa e sente, age e reage diante dos nossos comportamentos. Porque o mais surpreendente e o mais comovente na parábola é o comportamento do pai,..."2

Trata-se de um comportamento que deixa transparecer um amor que respeita a liberdade do outro, que perdoa, que acolhe e que se alegra como o retorno do outro e que nos impulsiona a irmos ao encontro do próximo (sacrifício).

  1. Conclusão:

Outro detalhe importante desta parábola é a questão da festa. O pai convida o filho mais velho para que também ele faça parte desta festa, desta alegria da ressurreição e do reencontro. "O pai saiu para suplicar-lhe" (v. 28b).

A narração da parábola é interrompida, sem revelar o que o pai faraá como filho mais velh. Jesus não julga, mas oferece a salvação. Quer dalvar também os fariseus. Todos necessitam de conversão, tanto os pecadores, como aqueles que se julgam justos.

O evangelista Lucas, de forma proposital, termina a história sem nos dizer se o filho mais velho entra ou não. Fica para nós respondermos a seguinte pergunta: o filho mais velho entra ou não entra na festa? Acredito que para dar esta resposta cada um deve assumir o papel do filho mais velho e decidir se entra ou não nesta festa. Cabe a cada um de nós refletir se está ou não preparado para fazer parte desta festa.

A festa da alegria, da ressurreição e do reencontro já começou, o convite foi feito a todos nós. Estamos prontos para aceitar este convite e fazer parte desta festa?

  1. Bibliografia:

Bíblia de Jerusalém com notas.

BARREIRO, Álvaro. A parábola do pai misericordioso à luz do quadro de Rembrandt. "O regresso do Filho Pródigo". São Paulo: Loyola, 1998

STOGER, Alois. O Evangelho Segundo Lucas. Petrópolis: Vozes 19674 (Col. Novo Testamento Comentário e Mensagem)

PIKAZA, Javier. A teologia de Lucas. São Paulo: Paulinas, 1985

1 BARREIRO, Álvaro. A parábola do Pai misericordioso à luz do quadro de Rembrandt. "O regresso do Filho pródigo". São Paulo: Loyola, 1998 (p. 53)

2 Idem nota 1, pag. 89