sexta-feira, 27 de agosto de 2010

LITURGIA (por Pe. José Bakir de Amorim, CSS)

O termo liturgia vem do grego leitourgia. Em sua origem o termo indicava a obra, a ação ou a iniciativa assumida livremente por um particular (indivíduo ou família) em favor do povo. Existem as traduções gregas de liturgia para o antigo testamento (AT) e para o novo testamento (NT). No primeiro caso é uma tradução que indica serviço religioso prestado pelos levitas a Javé. Estes serviços eram prestados em dois lugares especiais: primeiramente na tenda e depois no templo. Tinha o sentido de culto público e oficial de acordo com as leis cultuais. No segundo caso o termo liturgia não aparece como culto, a exceção de At 13, 2 “Certo dia, eles estavam fazendo uma reunião litúrgica com jejum, e o Espírito Santo disse: ‘Separem para mim a Barnabé e Saulo, a fim de fazerem o trabalho para o qual eu os chamei”. O fato de o termo não aparecer como culto é porque nos primeiros tempos o termo estava demasiadamente ligado ao culto do sacerdócio levítico, que não tinha mais lugar no NT. Com o passar do tempo e o crescimento e desenvolvimento do cristianismo a liturgia sofreu algumas transformações. Estas transformações foram acontecendo devido a influências sofrida nos dois milênios teológicos. No primeiro milênio a liturgia era a fonte da teologia e no segundo a teologia começa a ser lecionada nas escolas dentro de uma relação mestre discípulo. A partir do Concílio Vaticano II, com o documento Sacrosanctum Concilium (SC), há o que chamamos de reforma litúrgica. Esta reforma ocorreu por causa do Movimento Litúrgico iniciado no século XIX pelo abade Proper Guíranger. Mas, o movimento propriamente dito começa no início do século XX com a reformulação do âmbito litúrgico elaborado por Pio X, valorizando o domingo como sendo o dia da celebração pascal. O documento SC aponta para alguns horizontes no que diz respeito à celebração litúrgica. A liturgia presencializa a história da salvação através de gestos sacramentais e nos torna presente a história da salvação que se dá através de símbolos. A Igreja perpetua a ação de Cristo na celebração. A liturgia fonte e cume da vida cristã, pois, na liturgia se manifesta o que é a Igreja, a Eucaristia faz a Igreja e vice-versa. A função sacerdotal de Cristo nos leva à questão da presença múltipla de Cristo na Igreja. Cristo está presente na liturgia, no ministro, nas espécies eucarísticas (pão e vinho), por força do Espírito Santo, pela palavra e está presente no cantar e no orar.