quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ver Jesus (por Pe. José Bakir de Amorim, CSS)

A Igreja Católica está atenta às novas questões e necessidades que surgem neste início do terceiro milênio. Para este quadriênio a mesma lançou um novo projeto de ação pastoral: Projeto Nacional Queremos Ver Jesus - caminho, verdade e vida. Este projeto é uma tentativa de responder aos anseios e necessidades que a Igreja Católica vem passando a nível nacional.

Os projetos anteriores a este “Projeto Rumo ao Novo Milênio” (1999 - 2000) e “Ser Igreja no Novo Milênio” (20001 - 2003) suscitaram algumas necessidades para os novos rumos que a Igreja Católica deveria tomar. Como uma resposta a Igreja elabora o projeto Queremos Ver Jesus - caminho verdade e vida. Com este projeto, tende a assumir uma postura, ainda que teórica, de anunciar Jesus, estando atenta aos sinais dos tempos e às necessidades que o novo milênio traz consigo. É um projeto que visa estimular uma ação pastoral que, de fato, anuncie a mensagem e a pessoa de Jesus de uma maneira mais profunda e que tenha maior importância no âmbito pessoal e comunitário. A ação reveladora de Cristo se dá na comunidade e para a comunidade, que é o lugar do encontro pessoal com Cristo. A característica marcante deste projeto é - ou deveria ser - a presença do Deus uno e trino

Há um ponto fundamental que o projeto procura trabalhar que é um conhecimento profundo de Jesus e de sua missão. Não se trata de um conhecimento que nos é transmitido e, sim, de uma experiência íntima e profunda e que nos impulsiona à missão dentro de um espírito comunitário. Isto requer um novo ardor missionário que amplie e qualifique a própria ação missionária da Igreja de tal maneira que seremos capazes de promover a dignidade da pessoa, tendo como ponto marcante a questão da santidade, renovar a comunidade. Tal renovação se dá por meio de uma real comunhão através da palavra de Deus, pela oração e pela comunhão. Desta forma, quer superar o individualismo e enfraquecimento familiar. Por fim, participar na construção de uma nova sociedade, pois, existe a necessidade de uma maior participação efetiva dos cristãos na vida política da sociedade. O objetivo desta terceira meta é que haja uma superação das contradições do crescimento econômico, cultural e tecnológico, contra a miséria, a fome e a exclusão.

Os meios que este projeto se servirá são basicamente três: palavra, liturgia e caridade. São meios que tem a finalidade de elucidar, fortalecer e identificá-lo, além de deixar claro os caminhos que a Igreja deseja percorrer. Tal projeto procura atingir os que são batizados, mas, que estão longe da vida da comunidade e também a todos os grupos cristãos-religiosos. A proposta inicial é de irmos ao encontro daqueles que se encontram em dificuldade. A hora é oportunamente agora, mas, é preciso ter um ardor missionário renovado.

Este projeto apresenta como proposta inicial um mergulhar na fé e no amor. Para tanto é fundamental usar de uma linguagem que atinja as pessoas e saber acolher. Este projeto trás como proposta o estudo, a reflexão e oração sobre os quatro evangelhos.

Dentro deste projeto o verbo “Ver” assume um significado belíssimo e forte. Requer que tenhamos uma experiência profunda e marcante de Jesus. Mas, sabemos que a realidade é bem outra. Vivemos em uma sociedade pluralizada e, ao mesmo tempo, fragmentada pelo sistema sócio-político-cultural que oprime, onde o pobre está cada vez mais pobre. Falar de Jesus dentro da atual conjuntura que estamos vivendo é desafiador, chega a ser utópico. Antes de aceitarmos o convite feito por Jesus é necessário que façamos uma séria reflexão a cerca de sua proposta de sermos promotores de mais vida, pois, é sério e a sociedade divulga valores que vão contra a vida.

Este projeto, enquanto iniciativa, apresenta propostas e idéias que valem a pena ser levadas adiante, ser vividas pelos cristãos. Mas, por outro lado, a forma como ele foi elaborado não nos dá margem para fazer uma espécie de hermenêutica da experiência cristã. Para que esta hermenêutica aconteça realmente é preciso explicitar os fatos, e isto só é possível através de uma interpretação e reinterpretação dos mesmos. Tal momento significa fazermos uma apropriação da experiência a partir do que ela representa e significa. É como se fosse o resultado de uma “gestação” da experiência cristã que é feita através da vida e da caminhada.

A caminhada nos convida: vamos pensar a experiência cristã e o que ela nos convida apensar a partir dela. Para se pensar é preciso que haja a experiência. O fato de, como cristãos, estarmos referindo ao acontecido com Jesus nos remete a uma dimensão pessoal, pois, aponta para o que é suscitado entre Jesus e “os com Jesus”, ou seja, a mesma fé é vivida em contextos diferentes. Desta forma, pensar o fato cristão não é alienar-se, é tratar o cristianismo dentro da sociedade que vivemos, é pensar a transformação profunda que inside sobre a sociedade atual.

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