Este evangelho de hoje,
dentro da dinâmica catequética de Mateus, marca o início do quarto livrinho,
que tem como tema “A Igreja – Semente do Reino”, que vai até o final do
capítulo 18. Aqui é fundamental que se entenda que não se trata da igreja
templo, pois, a igreja enquanto templo já existia e eram chamados de Sinagoga.
Mas, sim, de uma Igreja enquanto reunião de pessoas que tinham, ou buscavam
ter, a mesma fé, o mesmo objetivo. É o que chamamos de “Igreja, povo de Deus a caminho.
Para
o evangelista esta Igreja tem como marca princípios fundamentais que visam
tomar decisões e resolver conflitos: a solicitude pela ovelha perdida e pelos
pequenos do Reino, o perdão e a humildade. Neste episódio de hoje, os
conterrâneos de Jesus colocam a questão sobre a origem da autoridade dele,
admirados de seu ensinamento e poderes milagrosos. É impossível que Jesus,
sendo um deles, tenha autoridade de Deus. Por isso, eles o rejeitam. Essa
rejeição não é acidental: é apenas uma prova a mais de que Jesus é o enviado de
Deus. De fato, todos os profetas do Antigo Testamento também foram rejeitados.
Os
conterrâneos de Jesus se escandalizam: não querem admitir que alguém como eles
possa ter sabedoria superior à dos profissionais e realize ações que indiquem
uma presença de Deus. Para eles, o empecilho para a fé é a encarnação, ou seja,
é inadmissível que Deus assuma a condição humana e esteja situado dentro do
contexto social, situado na história. Isto nos leva a refletir sobre as nossas
ações, as nossas atitudes (ou a nossa falta de atitude), para percebermos se o
que fazemos ou falamos são atitudes messiânicas, isto é, se são sinais da
presença de Deus no hoje da nossa história.
É
necessário que façamos uma opção fundamental pelo Reino e nos coloquemos a
caminhar para a realização desse Reino no hoje da nossa história. A realidade
está bem a nossa porta e é gritante. Os pequenos do Reino batem constantemente
a nossa porta e o que nós estamos fazendo? Que atitudes tomamos? Será que
estamos sendo sinais da presença de Deus na vida dessas pessoas? Ou
simplesmente viramos as costas e dizemos que não é problema meu. O próprio
Jesus nos diz que “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores do
Reino, foi a mim que o fizeram” (Mt 25, 40)
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