segunda-feira, 19 de setembro de 2011

POR DO SOL EM MORRINHOS-GO

É um belíssimo por do sol que eu registrei em Morrinhos-GO, um final de tarde maravilhoso no interior goiano. Para mim o por do sol é um presente de Deus para a humanidade, sinal da grandiosidade do seu amor por nós. É uma pena que as pessoas não param para ver o por do sol e contemplar a beleza do criador. "Onipotente e bom Senhor, a Ti a honra, glória e louvor" (São Francisco de Assis)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A NECESSIDADE DO CORPO (ADÉLIA PRADO)

Nenhum pecado desertou de mim.

Ainda assim eu devo estar nimbada,

porque um amor me expande.

Como quando na infância

eu contava até cinco para enxotar fantasmas,

beijo por cinco vezes minha mão.

Este é meu corpo,

corpo que me foi dado

para Deus saciar sua natureza onívora.

Tomai e comei sem medo,

na fímbria do amor mais tosco

meu pobre corpo

é feito corpo de Deus.

sábado, 11 de junho de 2011

ORAÇÃO EM LÍNGUAS

CANTO DE UM POVO DE UM LUGAR (Caetano Veloso)

"Todo dia o sol levanta
e a gente canta
ao sol de todo dia

Fim da tarde a terra cora
e a gente chora
porque finda a tarde

Quando a noite a lua mansa
e a gente dança
venerando a noite

Madrugada, céu de estrelas
e a gente dorme
sonhando com elas"

quinta-feira, 19 de maio de 2011

QUANDO LER A BÍBLIA

Quando estiver ansioso e impaciente: Mt 6, 25-34; 10, 26-31; Rm 5, 3-5; Fl 4, 6-7; Hb 6, 13-20; Tg 5, 7-11; 1Pd 1, 3-5; 5, 6-7

Quando estiver preocupado: Mt 6, 19-21; Jo 14, 1-14; 1Tm 6, 6-10; Hb 13, 5-6; Ap 21, 1-8

Quando estiver inseguro: Fl 4, 10-20; 1Jo 3, 19-24

Quando estiver com medo: Lc 8, 22-25; Jo 14, 27; 16, 33; Rm 8, 1.31-39; 1Jo 4, 13-18

Quando estiver com medo de testemunhar sua fé em Jesus: Mt 5, 11-22; 10, 16-20; Rm 10, 8-15

Quando estiver com medo da morte: Jo 6, 35-40; Rm 8, 18-39; 1Cor 15, 35-37; 2Cor 5, 1-10; 2Tm 1, 8-10

Quando estiver se sentindo solitário: Mt 28, 20; Jo 14, 15-31; 1Pd 5, 7

Quando estiver angustiado e sofrendo: Rm 8, 31-39; 2Cor 1, 3-6; 4, 16-18; 12, 7-10; Tg 1, 2-4; Ap, 2, 10

Quando estiver doente: Rm 5, 1-5; Tg 5, 14-15; 1Pd 5, 10-11

Quando estiver enfrentando uma situação de doença terminal: Rm 8, 18-30; 2Cor 5, 1-10

Quando sofrendo por causa de um amigo: Jo 11, 25-26; 1Cor 15, 50-58; 1Ts 4, 13-18

Quando estiver passando por uma situação de desgraça total: Rm 8, 28

Quando estiver enfrentando uma tentação: Lc 4, 1-13; Rm 12, 1-2; 1Cor 10, 12-13; Hb 2, 17-18; 4, 14-16; Tg 1, 12-15; 4, 7

Quando estiver sem desejo de adorar a Deus: Ef 3, 16-17; Hb 10, 23-25

Quando estiver tomando decisões: 1Cor 10, 31; Gl 6, 10; Tg 1, 5-8

Quando estiver com raiva: Mt 5, 21-24.44-48; Rm 12, 17-21; 1Cor 13; Ef 4, 26-32; Cl 3, 12-17; Tg 1, 19-20

Quando estiver com o desejo de vingar-se: Mt 5, 38-42; Rm 12, 17-21

Quando estiver com inveja: Tg 3, 13-18

Quando estiver se sentindo culpado: Mt 6, 14-15; Lc 15; Jo 6, 37; Hb 4, 14-16; 1Jo 1, 5-2, 2

Quando estiver pensando que Deus abandonou você: Fl 4, 10-13; Hb 10, 19-25

Quando estiver enfraquecido em sua fé em Deus: Mt 7, 7-12; Lc 17, 5-6; Jo 20, 24-31; Rm 4, 13-25; Hb 11, 1; 1Jo 5, 13-15

Quando estiver cansado e desanimado: Mt 11, 25-30; 2Ts 3, 16; Hb 4, 1-11; 11, 12-13

Quando deprimido: Jo 3, 14-17; Ef 3, 14-21

Quando estiver desencorajado ou desestimulado: Rm 15, 13; 2Cor 4, 16-18; Fl 4, 10-13; Cl 11, 9-14; Hb 6, 9-12;

Quando estiver sentindo-se frustrado: Mt 7, 13-14

Quando estiver sentindo-se rejeitado: Mt 9, 9-13; Lc 4, 16-30; Jo 15, 18016, 4; Ef 1, 3-14; 1Pd 2, 1-10

Quando estiver sobrecarregado: Mt 11, 25-30; 2Cor 6, 3-10; Ap 22, 17

Quando estiver procurando o caminho para o céu: Jo 3, 1-21; Rm 1, 16-17; 5, 1-11; 6, 20-23, 10, 5-13;Ef 1, 3-14; 2, 8-9

Quando estiver querendo saber como orar: Mt 6, 5-15; 7, 7-11; Mc 14, 36; Jo 15, 7; Fl 4, 6-7; 1Ts 5, 17; 1Jo 5, 14-15

Quando estiver agradecido pelas bênçãos de Deus: 1Ts 5, 16-18

domingo, 15 de maio de 2011

VOCÊ TRATA SUA BÍBLIA COMO TRATA SEU CELULAR?

Já imaginou o que aconteceria se tratássemos a nossa Bíblia do jeito que tratamos o nosso celular?

E sempre carregássemos a nossa Bíblia no bolso ou na bolsa?

E se voltássemos para apanhá-la quando a esquecemos em casa, ou no escritório?

E se a usássemos para enviar mensagens a nossos amigos?

E se a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela?

E se a déssemos de presente às crianças?

E se a usássemos quando viajamos?

E se lançássemos mãos dela em caso de emergência?

Ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal.

Ela “pega” em qualquer lugar.

Não é preciso se preocupar com falta de crédito porque Jesus já pagou a conta e os créditos não tem fim.

E o melhor de tudo: não cai a ligação e a carga da bateria é pra toda vida.

“Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55, 6)

Nela encontramos alguns telefones de emergência;

Quando estiver triste, ligue Jo 14.

Quando pessoas falarem de você, ligue Sl 27.

Quando você estiver nervoso, ligue Mt 6, 19-34.

Quando estiver em perigo, ligue Sl 91.

Quando Deus parecer distante, ligue Sl 63.

Quando sua fé precisar ser ativada, ligue Hb 11.

Quando você estiver solitário e com medo, ligue Sl 23.

Quando você for áspero e crítico, ligue Cl 3, 12-17.

Quando você se sentir triste e sozinho, ligue Rm 8, 31-39.

Quando você quiser paz e descanso, ligue Mt 11, 25-30.

Quando o mundo parecer maior que Deus, ligue Sl 90.

Para sermos bem sucedidos na vida devemos sempre consultar a Bíblia, pois, ela é o manual de instrução do homem!!! (2Tm 3, 16-17)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ORAÇÃO DE SANTO INACIO

"Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade. Tudo que tenho e possuo vós me destes com amor. Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo. Dispondes deles, Senhor, segundo a vossa vontade. Dai-me somente o vosso amor, vossa graça. Isto me basta, nada mais quero pedir. Amém"

POR DO SOL PRESENTE DE DEUS

É um belíssimo por do sol que foi registrado na Praia do Arpoador, Rio de Janeiro. Trata-se da mais bela expressão de amor que Deus tem pela humanidade. Para mim o por do sol é um presente lindíssimo que Deus deixou para nós, para que, ao contemplá-lo, sintamos toda a grandiosidade de seu amor benevolente.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ver Jesus (por Pe. José Bakir de Amorim, CSS)

A Igreja Católica está atenta às novas questões e necessidades que surgem neste início do terceiro milênio. Para este quadriênio a mesma lançou um novo projeto de ação pastoral: Projeto Nacional Queremos Ver Jesus - caminho, verdade e vida. Este projeto é uma tentativa de responder aos anseios e necessidades que a Igreja Católica vem passando a nível nacional.

Os projetos anteriores a este “Projeto Rumo ao Novo Milênio” (1999 - 2000) e “Ser Igreja no Novo Milênio” (20001 - 2003) suscitaram algumas necessidades para os novos rumos que a Igreja Católica deveria tomar. Como uma resposta a Igreja elabora o projeto Queremos Ver Jesus - caminho verdade e vida. Com este projeto, tende a assumir uma postura, ainda que teórica, de anunciar Jesus, estando atenta aos sinais dos tempos e às necessidades que o novo milênio traz consigo. É um projeto que visa estimular uma ação pastoral que, de fato, anuncie a mensagem e a pessoa de Jesus de uma maneira mais profunda e que tenha maior importância no âmbito pessoal e comunitário. A ação reveladora de Cristo se dá na comunidade e para a comunidade, que é o lugar do encontro pessoal com Cristo. A característica marcante deste projeto é - ou deveria ser - a presença do Deus uno e trino

Há um ponto fundamental que o projeto procura trabalhar que é um conhecimento profundo de Jesus e de sua missão. Não se trata de um conhecimento que nos é transmitido e, sim, de uma experiência íntima e profunda e que nos impulsiona à missão dentro de um espírito comunitário. Isto requer um novo ardor missionário que amplie e qualifique a própria ação missionária da Igreja de tal maneira que seremos capazes de promover a dignidade da pessoa, tendo como ponto marcante a questão da santidade, renovar a comunidade. Tal renovação se dá por meio de uma real comunhão através da palavra de Deus, pela oração e pela comunhão. Desta forma, quer superar o individualismo e enfraquecimento familiar. Por fim, participar na construção de uma nova sociedade, pois, existe a necessidade de uma maior participação efetiva dos cristãos na vida política da sociedade. O objetivo desta terceira meta é que haja uma superação das contradições do crescimento econômico, cultural e tecnológico, contra a miséria, a fome e a exclusão.

Os meios que este projeto se servirá são basicamente três: palavra, liturgia e caridade. São meios que tem a finalidade de elucidar, fortalecer e identificá-lo, além de deixar claro os caminhos que a Igreja deseja percorrer. Tal projeto procura atingir os que são batizados, mas, que estão longe da vida da comunidade e também a todos os grupos cristãos-religiosos. A proposta inicial é de irmos ao encontro daqueles que se encontram em dificuldade. A hora é oportunamente agora, mas, é preciso ter um ardor missionário renovado.

Este projeto apresenta como proposta inicial um mergulhar na fé e no amor. Para tanto é fundamental usar de uma linguagem que atinja as pessoas e saber acolher. Este projeto trás como proposta o estudo, a reflexão e oração sobre os quatro evangelhos.

Dentro deste projeto o verbo “Ver” assume um significado belíssimo e forte. Requer que tenhamos uma experiência profunda e marcante de Jesus. Mas, sabemos que a realidade é bem outra. Vivemos em uma sociedade pluralizada e, ao mesmo tempo, fragmentada pelo sistema sócio-político-cultural que oprime, onde o pobre está cada vez mais pobre. Falar de Jesus dentro da atual conjuntura que estamos vivendo é desafiador, chega a ser utópico. Antes de aceitarmos o convite feito por Jesus é necessário que façamos uma séria reflexão a cerca de sua proposta de sermos promotores de mais vida, pois, é sério e a sociedade divulga valores que vão contra a vida.

Este projeto, enquanto iniciativa, apresenta propostas e idéias que valem a pena ser levadas adiante, ser vividas pelos cristãos. Mas, por outro lado, a forma como ele foi elaborado não nos dá margem para fazer uma espécie de hermenêutica da experiência cristã. Para que esta hermenêutica aconteça realmente é preciso explicitar os fatos, e isto só é possível através de uma interpretação e reinterpretação dos mesmos. Tal momento significa fazermos uma apropriação da experiência a partir do que ela representa e significa. É como se fosse o resultado de uma “gestação” da experiência cristã que é feita através da vida e da caminhada.

A caminhada nos convida: vamos pensar a experiência cristã e o que ela nos convida apensar a partir dela. Para se pensar é preciso que haja a experiência. O fato de, como cristãos, estarmos referindo ao acontecido com Jesus nos remete a uma dimensão pessoal, pois, aponta para o que é suscitado entre Jesus e “os com Jesus”, ou seja, a mesma fé é vivida em contextos diferentes. Desta forma, pensar o fato cristão não é alienar-se, é tratar o cristianismo dentro da sociedade que vivemos, é pensar a transformação profunda que inside sobre a sociedade atual.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ACONTECEU NA ÍNDIA

"Certa vez, na Índia, uma senhora estava em uma grande feira livre. De repente ela se abaixou e começou a procurar algo. Muitos feirantes começaram a procurar também. Mas, eles não sabiam o que estavam procurando. Um jovem resolveu perguntar: O que a senhora procura? Eu procuro uma agulha - respondeu a senhora. Todos que estavam ajudando na procura ficaram decepcionados e pararam de ajudá-la. Quando eles estavam saindo a senhora disse: Mas, é uma agulha de ouro. Imediatamente todos voltaram a procurar. O jovem perguntou outra vez: A senhora tem certeza de que a perdeu aqui? Não, respondeu a senhora, eu a perdi em casa. O jovem, indignado, disse: Mas, como a senhora procura fora algo que perdeu dentro de casa? A senhora respondeu: Pois é, assim como eu procuro fora o que perdi em casa, os seres humanos também procuram fora a felicidade. Mas, ela está dentro de cada ser humano".

segunda-feira, 21 de março de 2011

Exegese de Jo 1, 27 – 28 (por José Bakir de Amorim)

“...27aquele que vem depois de mim, do qualnão sou digno de desatar a correia da sandália’. 28Isso se passava em Betânia, do outro lado do Jordão,onde João batizava.”
1. Contexto: A perícope à qual o texto faz parte é Jo 1, 19-28, esta perícope vem logo após o prólogo de São João que é um hino de abertura, em prosa e poesia (Gn 1 = Jo 1). No prólogo fala-se da palavra vida (Logos).
É uma perícope em que o autor bíblico trata do testemunho e da profissão de fé de João Batista. Nesta perícope João responde aos sacerdotes e levitas que foram enviados a ele pelos judeus1 com o objetivo de o interrogarem. É interessante perceber que com João Batista termina o tempo da espera.
2. O versículo na perícope: Perícope: Jo 1, 19-28. Início: 19Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para o interrogar: “Quem és tu?” Meio: 20Ele confessou e não negou; confessou: “Eu não sou o Cristo”. 21Perguntarm-lhe: “Quem és, então? És tu Elias?” Ele disse: “Não o sou”. – “És o profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22Disseram-lhe, então: “Quem és, para darmos uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?” 23Disse ele: paralelismo com Is 40, 3 e Mt 3, 3: “Eu sou a voz do clama no deserto: Endireitai os caminhos do Senhor, como disse o profeta Isaías”. 24Alguns dos enviados eram fariseus. 25Perguntaram-lhe ainda: “E por que batizas, se não és o Cristo nem Elias, nem o profeta?” 26João lhes respondeu: “Eu batizo com água. No meio de vós, está alguém que não conheceis, 27Aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália”. Fim: 28Isso se passava em Bethânia, do outro lado do Jordão, onde joão batizava.
3. Sentido exegético: Esta perícope exerce um papel importante dentro do corpo da obra de João porque é início do relato do ministério de Jesus. Mais precisamente trata-se de fazer uma introdução ao que pode-se chamar Semana Inaugural. Além disto, a perícope desenvolve a profissão de fé de João Batista e o término do tempo da espera.
É interessante perceber que o v. 27 conduz o leitor a uma personagem que já está presente, mas, que ainda não se deram conta de sua presença. É uma personagem até então oculta e que permanecerá oculta aos olhos dos sacerdotes e levitas que foram enviados pelos judeus (8, 19). Mesmo que não se identifique com Elias o próprio João se declara precursor. Ao mesmo tempo, ele afirma sua inferioridade com relação ao que vem. Está presente nesta cena, de maneira implícita, a lei do Levirato2. Quando João afirma que não pode tomar o lugar do que vem (cf. 1, 15), está anunciando aquele que vem como Esposo. Aqui se faz uma alusão ao v. 20, pois, negava ser o Messias e agora anuncia a chegada do mesmo. Na realidade o Messias já está presente no meio daqueles que o escutava. A chegada de Jesus marcará o início de suas atividades.
O v. 28 trata da localização de Betânia que não é muito segura, pois, pode se duvidar da existência deste lugar. Já no século III Orígenes adotara o nome Betabara – quer dizer “o lugar da passagem” – como leitura. Ele achou que este seria o melhor nome para se dar ao local do que Betânia. Porém, sendo real ou não o lugar, será de extrema importância porque será para lá que Jesus vai se retirar na última fase de seu “êxodo” e onde será constituida a sua comunidade (cf. 10, 40-42; 11, 1). É exatamente onde está João Batista que Jesus fará o seu lugar. É interessane perceber que para anunciar a salvação que está por vir João se coloca em um local que evoca a Terra da Libertação3. Esta Terra agora se encontra fora dos confins de Israel, em outras palavras, fora das instituições judaicas, ou seja, traz uma ruptura com as instituições e adesaão à esperança do libertador que chega.
O autor bíblico usa como gênero literário a narrativa. É uma característica que separa esta perícope do Prólogo. O evangelista faz uso deste gênero literário para dizer aos seus leitores que assim termina o tempo da espera. O verdadeiro Messias chegou e veio para trazer a liberdade e a vivência do amor.
4. Recepção do texto na Igreja: Embora haja presente uma certa linha de pensamento gnóstica4, o quarto evangelho foi aceito rapidamente na Igreja. Alguns até chegaram a utilizar o texto do evangelho de João contra pensamentos como o sectarismo de Marcião e contra aqueles que visavam o evangelho com uma interpretação gnóstica. Houve alguns movimentos que apresentaram uma certa resistência ao Evangelho de João. Dentre estes movimentos mencionam-se os antimontanistas e os álogos5. Estes últimos rejeitaram o evangelho do Logos por causa de sua divergência em relação aos sinóticos e por causa de seu caráter quase gnóstico.
A gnose encontrou no Evangelho de João um Logos celeste, revelador de verdades superiores, um Jesus “doceta”. [...] Diziam que o Logos deixara Jesus antes da morte na cruz, ou até que quem morreu foi Simão de Cirene6. Apesar disto a recepção do quarto evangelho não foi tão polêmica quanto se imagina. Porém, estes que se opuseram ao Evangelho de João apontam dois pontos perigosos: espiritualismo e gnosticismo.
5. Hermeneutica – atualização: Messias é o nome que os judeus davam ao Salvador esperado. Também o chamavam de o Profeta. E, conforme se acreditava, antes de sua vinda deveria reaparecer o profeta Elias.
João Batista nos dá um belo exemplo de profissão de fé e de como devemos agir na missão que foi a nós confiada. Sua função é de precursor do que há de vir e testemunha do que chegou. Diante de tendências errôneas, o evangelista quer deixar definida a posição de João com respeito a Jesus, e começa fazendo-o em forma de um testemunho qualificado perante oficiais autorizados.
Quando João Batista começou a pregação, os judeus estavam esperando o Messias, que iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a chegada do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As autoridades religiosas estavam preocupadas e mandaram investigar se João pretendia ser ele o Messias. João nega ser o Messias, denuncia a culpa das autoridades, e dá uma notícia inquietante: o Messias já está presente a fim de inaugurar uma nova era para o povo.
Acredita-se que este testemunho e esta profissão de fé de João Batista nos conduz a refletir sobre como está sendo nossa conduta diante da missão que recebemos com o nosso batismo. É preciso saber distinguir os papéis que desempenhamos na comunidade eclesial e qual o lugar que Cristo ocupa em nossas vidas. Muitas vezes nos deparamos com pessoas que acabam por anunciar a si mesmo, caindo em um egocentrismo e esquecendo do próximo e desta relação bonita de amor que existe entre Deus, Jesus e o próximo. O evangelisa expressa esta relação de amor no trecho em que discorre sobre a parábola da videira (15, 1-17) onde nos diz que o amor vem do Pai, passa por Jesus e chega aos seus. É preciso que saibamos viver neste amor, e os frutos produzidos devemos partilhar com os irmãos. A fonte deste amor é Deus e precisamos agir como Jesus e fazer o que Ele nos sensinou: o amor fraterno. João Batista é a testemunha que tem como função preparar o caminho para os homens chegarem até Jesus. Ora, a testemunha deve ser sincera, e não querer o lugar da pessoa que ela está testemunhando.
6. Bibliografia: Bíblias TEB, Jerusalém e Bíblia do Peregrino com notas. KONINGS, Johan. Evangelho segundo João. Amor e fidelidade. Petrópolis, Vozes: 200 (Comentário bíblico) MATEOS, Juan e BARRETO, Juan. O evangelho de São João. São Paulo: Paulinas, 1989 (Grande Comentário Bíblico) BANCELLS, José O. Tuñi. O testemunho do evangelho de João. Petrópolis, Vozes, 1989. 1 Termo que em Jo tem várias significações. É utilizado frequentemente para designar os adeptos do judaísmo, cujos os ritos são explicados aos leitores de origem pagã. 2 Lei judaica segundo a qual, quando alguém morria sem filhos, um parente devia casar-se com a viúva para dar filhos ao falecido. A cerimônia para declarar a perda do direito consistia em desatar as sandálias (cf. Dt 25, 5-10; Rt 4, 6-7) 3 Terra Prometida 4 Gnosticismo: ecletismo filosófico-reiligioso surgido nos primeiros séculos da nossa era e diversificado em numerosas seitas, e que visava conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais profundo por meio da gnose, ou seja, por meio do conhecimento. 5 Heréticos que negavam a autenticidade do Evangelho e do Apocalipse de São João e recusavam a Cristo a qualidade do Verbo Eterno 6 KONINGS, Johan. Evangelho segundo João. Amor e fidelidade. Petrópolis, Vozes: 200 (Comentário bíblico)

O HUMANO: LUGAR DO SAGRADO (por José Bakir de Amorim)

A vida do ser humano é uma busca constante do sentido de sua existência. Para existir como humanidade, deve construir as condições de sobrevivência, que só se tornou possível em comunidade, onde através do conhecimento, indivíduo e comunidade se modificam.
O conhecimento, movido pela curiosidade e urgência de sobreviver, utiliza instrumentos e condições, definindo a identidade humana em dois planos: Indivíduo a sujeito original que vive num contexto. Contexto sócio cultural à família, trabalho, educação e lazer. A consciência de si mesma da pessoa é desenvolvida a partir da integração entre o plano individual e sócio cultural. A base das relações entre indivíduo e sociedade é a linguagem, que é a maneira mais complexa criada pelo homem para se relacionar com o mundo, caracterizando nossa maneira de ser e estar nele.
A linguagem permite a preservação da memória coletiva da sociedade, assim, conhecimento e linguagem permitem relacionar, interpretar e construir modos de inserção na realidade e, na capacidade de reflexão, mostra que o agir humano vai além da pura materialidade. O primeiro nível do conhecimento, pragmático, resulta da repetição sistemática dos elementos do cotidiano. O saber operativo resulta da constatação de eventuais semelhanças entre objetos e fenômenos sem critério crítico, senso comum. A pessoa, ao nascer, se encontra em uma circunstância, onde tentará superar as condições impostas, e ao deixar-se envolver por objetos e experiências que o fazem fugir da rotina, permite-se ao indivíduo, transcender o nível pragmático de existência. O afastamento do cotidiano aliado a essa tomada de consciência já insinua uma dimensão de sacralidade.
Através dos mitos e seus símbolos é que a imagem do mundo é desenhada e se esboça uma mediação entre imanência e transcendência. Através dos mitos, o homem transpõe sua temporalidade, sendo a religião a principal experiência que rege o universo místico. O conhecimento científico se caracteriza pela objetividade, a Filosofia é orientada por princípios racionais. Mas, apesar da contribuição Filosófica e Científica no processo de humanização, persiste a relação do humano com o transcendente o conhecimento teológico. A busca de sentido para a vida e a morte faz parte de uma perene tentativa de a humanidade manter contato com o Transcendente e se materializa em diferentes concepções religiosas. As mudanças necessárias à construção do humano exigem também a transformação das subjetividades pessoais e coletivas, encontrando a cada dia, um sentido novo de viver.
A partir de então se percebe que, para que haja de fato um novo sentido de viver, é necessária uma relação entre uma atividade filosófica e ética. A atividade filosófica, como busca do conhecimento verdadeiro, ampliado e aprofundado da humanidade realiza uma reflexão ética. O costume (significado de moral e ética) é uma forma de transcender a natureza e realizar ações dotadas de valor.
A moral nos faz perguntar: Que devo fazer? Como devo agir? Portanto, é o conjunto de valores, princípios e regras, noções de bem e mal, que norteiam o comportamento humano. Seu núcleo está na responsabilidade, e daí a liberdade. Liberdade, consciência do dever, vontade (autocontrole), relacionadas à determinação de regras sociais são os componentes da ação moral. A conduta Moral (verdadeiramente humana) visa sempre um determinado fim, concretizar um bem. Um dos nomes a isso é: felicidade, que só vem da satisfação Moral, logo só é viável na perspectiva da solidariedade. Não há bem, senão na relação com os outros. É pela mediação dos outros que cada homem se constitui sujeito livre e responsável, assim, qualquer modo de dominação frustra o processo de humanização do homem.
No interior da experiência religiosa, a ética encontra sua expressão cultural mais antiga e mais universal. Cabe à Ética perguntar os porquês das ações e juízos morais, e suas proposições devem ter o mesmo rigor, coerência e fundamentação das proposições científicas. Hoje, a Ética constitui um desafio, pois possui um sistema preocupante: o cinismo, ou, indiferença diante dos valores, que leva à desesperança, à negação da utopia, perdendo-se o sentido da construção humana. Aí aparece novamente a esperança. A esperança coloca à humanidade o desafio de construir o possível, criar uma sociedade na qual a questão da moralidade seria questão de todos e cada um. A esperança é uma virtude tão humana que ganhou um caráter teológico – a ela se articula a fé. Ambas não nos deixam ficar parados nos colocando diante de um ativismo que nos conduz às relações, pois, somos dotados de dinamicidade.
O ser humano é um ser de relações e se encontra imerso na provisoriedade. Relaciona-se de múltiplas formas com a natureza, a sociedade e com o Transcendente, assim almeja alguma solidez a provisoriedade.
O Trabalho é a tentativa de superar as limitações impostas pela natureza. A autoconsciência é sintoma da transcendência. A se ver ameaçado pela natureza, ele sobrevive mediante a produção de cultura. A força da ação humana consiste em ter a transcendência como origem de seus projetos e método de trabalho enquanto desejo e utopia. A recusa à transcendência é trágica ao ser humano, pois o torna resignado em sua mediocridade.
A certeza da morte do espaço ao anseio de eternidade e de superação. A religiosidade é, portanto, intrínseca à natureza humana – anseio de apreender a totalidade da vida e do mundo. Seu fundamento é a esperança de uma vida mais forte que a morte e a percepção de forças superiores. A racionalidade moderna desconsidera a religião e não percebe a relação com o Transcendente, como uma dimensão radicalmente humana. Não seria a voracidade do consumismo, uma pulsação da fome pelo sagrado? A identidade humana passa pelo encontro com o Absoluto: aí o provisório faz sua síntese com o eterno. VIDAL, Marciano. Moral de atitudes. Probelmas metodológicos e de conteúdo da chamada “moral fundamental”. Aparecida: Santuário, 1975. pp. 79-89

sábado, 26 de fevereiro de 2011

EUTANASIA (por José Bakir de Amorim)

A concepção do que seja morrer mudou com a revolução técno-científica e a morte se torna um tabu. O desenvolvimento da técnica traz consigo uma interferência sempre maior no processo do morrer, tirando da família a responsabilidade e passando para os profissionais de saúde. O termo “eutanásia” evoluiu de morte em paz, sem dor, para o ato deliberado em que a pessoa mesma priva a sua vida, pois, esta não tem mais sentido para ela ou para a sociedade.
No que diz respeito à eutanásia os argumentos éticos usados estão, quase sempre, em referência à vida. Os que defendem, o fazem segundo a defesa de uma qualidade de vida. Para estes, uma vida sem qualidade não vale a pena ser vivida. Baseiam-se na autonomia do sujeito que teria o direito ao próprio processo de morte. Os que condenam o fazem partindo da concepção sagrada da vida. A discussão precisa ir a um problema de fundo, no caso, o que se entende por qualidade de vida. Reduzir a qualidade de vida apenas ao físico é negar as dimensões psíquica, espiritual e relacional do ser humano.
Outro ponto é com qual paradigma se está partindo para a discussão, Junges fala de dois: do individualista-libertário, centrado na concepção do sujeito autônomo e nos direitos subjetivos de indivíduos singulares; e do intersubjetivo-relacional, fundado nas relações de interdependência e não compreensão do sujeito como ser-de-relações. Outro ponto ético diz respeito ao uso dos meios. Estes, tanto no prolongar a vida, quanto no abreviar, mostram-se desproporcionais e desumanizantes.
É preciso dizer que o reclamar o direito à morte pode revelar um grito de protesto contra a solidão em que se encontra o paciente, tirado do controle de seu processo mortis. É um grito pedindo solidariedade. Portanto, a prática da eutanásia, como tal, se mostra eticamente inaceitável, pois, nega, da parte de quem pede a sua dimensão relacional e, da parte de quem pratica o valor do outro como fim em si mesmo, transformando-o em meio. há a questão do avanço da medicina e o “encarniçamento terapêutico”...
Também não se pode esquecer do aspecto social. Diante de uma população mundial miserável que tem a morte como vizinha, exigir morrer por causa da qualidade de vida é uma afronta.